Da tradição poética oriental recolhi as influências, necessariamente contaminadas pelo contexto cultural que me rodeia. E assim se desfia este «diário poético», feito com as miudezas do dia a dia. [Esta página é redigida em total desprezo pelo actual (des)acordo ortográfico]
5 de janeiro de 2020
As nuvens não têm casa
As nuvens não têm casa
- a sua casa é o mundo.
Deixam-se ir nos braços do vento
de terra em terra
e de mar em mar
- vão de quarto em quarto, pela casa.
Por vezes, viajam depressa,
como se estivessem ansiosas
por aportar algures
- têm pressa de chegar a casa.
Outras vezes, vão muito devagar,
como que saboreando
todos os detalhes da paisagem
- querem conhecer todos os cantos à casa.
Carregam a esperança
de um vida renovada
nas gotas da chuva que aspergem
sobre as criaturas sedentas
- cuidam do mundo, cuidam da sua casa.
Assim fôssemos nós, como as nuvens
e o mundo fosse também para nós
a nossa casa.
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