Da tradição poética oriental recolhi as influências, necessariamente contaminadas pelo contexto cultural que me rodeia. E assim se desfia este «diário poético», feito com as miudezas do dia a dia. [Esta página é redigida em total desprezo pelo actual (des)acordo ortográfico]
29 de agosto de 2010
O abraço do feijoeiro
FOTO: Carlos Fernandes
Poderia ser flauta, rememorando o agudo sussurro do vento que lhe penteou as folhas; poderia ser roca de fiar, pente de tear, bengala, cesto, chapéu, chincalho, reco-reco, engenho de pesca, boiz, gaiola, casa de bonecas… Poderia dar corpo ao papagaio de papel e subir nos céus como as aves que lhe arremedaram de cima. Mas preferiu ser esteio, tornar-se cúmplice de uma fertilidade que nunca teve. Embora amputada das raízes, aninhou de novo o pé na terra e esperou pelo ímpeto fecundo da natureza. Deixou-se abraçar amorosamente pelo feijoeiro, deu-lhe suporte e altura. Reverdejou, floriu, frutificou... Reinventou a sua vegetal vocação.
amparo da horta -
volta de novo à terra
mesmo sem raiz
renasce a caninha seca
no abraço do feijoeiro
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belos: imagem e poema.
ResponderEliminarum beijo daqui.
Caro colega,
ResponderEliminarseus textos, quase haibun, têm a leveza e o encanto
da tradição nipônica do haicai. Parabéns.
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Se puder visite o nosso blob de haicais encadeados:
http://fieiradehaicais.blogspot.com/
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secura de inverno
da cuia de chimarrão
um amargo frio
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josé marins