Da tradição poética oriental recolhi as influências, necessariamente contaminadas pelo contexto cultural que me rodeia. E assim se desfia este «diário poético», feito com as miudezas do dia a dia. [Esta página é redigida em total desprezo pelo actual (des)acordo ortográfico]
1 de novembro de 2003
Depois do fogo
(Em memória do incêndio que devastou a Senhora do Monte, Cortes - Leiria, no final do Verão de 2003)
A chuva corrói
As chagas negras do fogo
Na encosta do monte.
Sob o aguaceiro,
Um longo traço a negro
Varre o horizonte.
Há cinza no chão,
Cinza no céu carregado,
Na água que corre…
No pranto da chuva,
A morte cruel das árvores.
Não mais vão florir.
Perdido no fumo,
O voo gracioso das aves.
Não mais vão cantar.
Fantasmas sem voz.
Os esqueletos calcinados
Da vegetação.
Sementeira de pedras.
Arrebatada na torrente,
A alma da terra.
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