Da tradição poética oriental recolhi as influências, necessariamente contaminadas pelo contexto cultural que me rodeia. E assim se desfia este «diário poético», feito com as miudezas do dia a dia. [Esta página é redigida em total desprezo pelo actual (des)acordo ortográfico]
3 de outubro de 2004
O sono da casa
Já nada fala do riso das crianças, do odor da lenha ardendo no borralho, da paciência do gado no curral, do sussurro da chuva no telhado. Que as telhas são, elas próprias, descompassada chuva a caminho do chão. E a madeira retoma a via da natural corrupção. E as paredes se conformam a devolver ao horizontal descanso as pedras que a terra emprestou para esta aventura de ser casa. E as ervas recuperam lentamente um território que é seu. Até que nova aventura se erga em seu lugar.
corpo adormecido
nos braços rudes do tempo
a casa se esvai
tornam as pedras às pedras
e o barro volta ao barro
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Também tenho muitas saudades de uma casa: vi-a a degradar-se e agora vejo-a linda outra vez. Mas já não é minha. Mas como nasci lá, será minha de alguma forma.
ResponderEliminarUm beijo e bom feriado.