FOTO: Carlos Fernandes
Corria ansiosa pela rua uma leve folha de árvore,
aproveitando o ímpeto ocasional da brisa. Um pampilho, com quem ela se cruzou,
questionou-a:
– Porque corres tu tão ansiosa, ó leve folha de árvore?
– Vou juntar-me à maratona do Equinócio – disse-lhe ela. –
Senti em mim uma ânsia que me secou o pecíolo e me alourou o limbo e isso só
pode ser o apelo do Outono, dando ordem para que me lance nesta demanda…
– Enganas-te – volveu-lhe o malmequer amarelo. – O Verão
ainda agora se acendeu na forja do sol. Muito falta para que o fole de Bóreas venha dissipar as cinzas do
estio e o Outono possa reinar entre nós.
Mas a ansiosa e leve folha de árvore não quis saber e
continuou a sua insana correria. Até que uma alta muralha lhe impediu o curso e
a folha ali se aquietou, consumindo-se num breve e ligeiro húmus.
Porque corre a folha
– empurrada pela brisa –
em busca do Outono
Se ainda no adro vai
o cortejo do estio?
Me encanto com o seu espaço.
ResponderEliminar"Textos que me presenteiam
com laços de haicais"
Um abraço