FOTO: Carlos Fernandes
- Ai, que saudades do mar… - lamentava-se uma gaivota transviada pela tempestade, pousada sobre uma fraga de remota serrania. – Que saudades dessa imensa seara de água batida pelo vento, ondeando para cá e para lá, desse embalo permanente quando pouso na sua superfície e me deixo levar, desse enorme espelho azul e ouro à hora do poente… E agora aqui estou eu, perdida entre penedos e mato baixo e não sei como voltar.
Um melro-das-rochas, que ouvira o desabafo da gaivota, exclamou:
- Gostava de conhecer o mar. Levas-me contigo a vê-lo?
- Levava, se soubesse o caminho… - disse a gaivota.
- Mas eu sei – respondeu o melro, apontando para o horizonte –. Segundo ouvi dizer, o mar fica onde o sol se deita ao fim do dia. Ali mesmo, nesta direcção.
Partiram ambos, procurando acertar os respectivos ritmos de voo. Quando chegaram, o melro achou exagerada e fantasiosa a descrição da gaivota e decidiu volver para a serra. Esta, no entanto, pôs-se a trovar:
Imensa seara de água
Tocada p’lo vento
Que em vez de medrar pão
Me nutres com o teu peixe
– Salve, mar sem fim!
Salve, Carlos!
ResponderEliminarBom é visitar o seu sítio, que nutre com poesia o coração da gente!
Beijo dos lados de cá desse mar!