Da tradição poética oriental recolhi as influências, necessariamente contaminadas pelo contexto cultural que me rodeia. E assim se desfia este «diário poético», feito com as miudezas do dia a dia. [Esta página é redigida em total desprezo pelo actual (des)acordo ortográfico]
24 de julho de 2008
As árvores todas se dão
Foto: Carlos Fernandes
As árvores todas se dão em verde e sombra. Com a língua das folhas murmuram preces ao azul infinito dos horizontes. Respiram e crescem numa tangência vertical à luz que as norteia. Acolhem serenas as ladainhas da brisa e o dialecto musical dos pássaros. Ou gemem compassivas sob os haustos inclementes do estio e os açoites da invernia. As árvores todas se dão em fruto e seiva. E em cerne são abrigo e berço e mesa e esquife. E quando o fogo ou a devassa do tempo as consomem, as árvores todas se dão ainda em cinza e húmus. Para que os bosques renascidos se lembrem das árvores todas que assim se dão.
de braços abertos -
as árvores se dão em verbo
ao lume dos versos
murmurando uma cantiga
na voz do vento que passa
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Carlos, estava aqui a navegar pela web quando abri um site que me pareceu familiar: o seu blog tem o mesmo modelo que o meu, sendo que vc tem prioridade. Tenho outro blog meio site, meio parado, sem atualização, e resolvi abrir esse só para tratar de haicai. Interessante como o mundo virtual parece pequeno na sua imensidão. Você ai em Portugal, eu cá no Brasil. Abraços, parabéns pelo trabalho.
ResponderEliminarPedindo antecipadas desculpas pela “invasão” e alguma usurpação de espaço, gostaríamos de deixar o convite para uma visita a este Espaço que irá agitar as águas da Passividade Portuguesa...
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