Da tradição poética oriental recolhi as influências, necessariamente contaminadas pelo contexto cultural que me rodeia. E assim se desfia este «diário poético», feito com as miudezas do dia a dia. [Esta página é redigida em total desprezo pelo actual (des)acordo ortográfico]
15 de outubro de 2003
Evocações do Estio
Manchas de sangue
Salpicam os prados –
O grito das papoilas.
Sopra o bafo cálido –
Um lamento verde
Atravessa o bosque.
Choro do pinheiro –
Afogam-se os insectos
No copo da resina.
A escrita do voo –
Uma ave risca o azul
E faz-se poema alado.
Estalam as pinhas –
Coro de cigarras
À hora da sesta.
Maresia –
O hálito do mar
Navega na brisa.
Explodem mar e céu –
A ave mergulha,
Um peixe irrompe.
Maré baixa –
Lânguidas ondas
Acariciam a praia.
No limiar do Éden -
Um corpo dourado
Dorme sobre a areia.
Transpiram as nuvens
Sob a canícula –
Chuva de Verão.
Carlos A. Silva
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