Da tradição poética oriental recolhi as influências, necessariamente contaminadas pelo contexto cultural que me rodeia. E assim se desfia este «diário poético», feito com as miudezas do dia a dia. [Esta página é redigida em total desprezo pelo actual (des)acordo ortográfico]
12 de outubro de 2003
Haikais de Outono
Pinhal verdejante -
A sombra das giestas
Abafa sob os gigantes.
Vento nas ramagens –
As asas do arvoredo
Agitam-se sem descanso.
Folha seca ao vento -
Nas mãos fortes do Outono,
Um ténue suspiro.
Cogumelo que desponta –
Parto dorido das areias
Revelando um segredo.
Onda sobre os rochedos –
Ecos despedaçados
No desespero das pedras.
Salpicos de espuma -
Afagos na face endurecida
Do velho pescador.
Tronco apodrecido –
Sonho de caravela
Encalhado no sopé da duna.
Gaivota que passa –
Miragem feita de penas
Liquefazendo-se no horizonte.
O vento fustiga a duna –
Feitos pirilampos cegos,
Volteiam os grãos de areia.
Uma nuvem deslizando –
Cavalo alado
Afogando-se em névoa.
Trilho de pegadas na areia –
Escrita efémera
No dialecto dos passos.
Sol poente –
Breve adeus dourado
No limiar do crepúsculo.
Entardecer na praia –
Desejo de infinito
No odor da maresia.
Carlos Alberto Silva
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