o poeta abriu
a gaiola das palavras
e ficou a ver
a sua metamorfose
no contacto com o brilho
do sol matinal
umas tornaram-se
coloridas borboletas
e pousaram
na corola das flores
outras transformaram-se
em brancas pombas
formaram um bando
e desapareceram no céu
algumas houve
que se transformaram
em irrequietas libélulas
outras em velozes falcões
outras ainda
em sonolentos morcegos
tornadas insectos
aves
ou mamíferos voadores
todas partiram
batendo as asas
excepto uma
que pousou na mão do poeta
nela se aninhou
e adormeceu
o poeta acariciou-a
muito de mansinho
e iniciou com ela
um novo poema
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