16 de novembro de 2007

a tarde definha


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a tarde definha
à luz esmaecida do Outono

os imperativos da estação
continuam a desnudar a árvore

que folha a folha
se despede do sol enfraquecido
em amarelecida vénia

mas logo uma revoada de pardais
repovoa os ramos de asas
assombrando a praça num tumulto ruidoso

a chuva
que havia de acordar os íntimos odores da terra
é ainda uma promessa por cumprir

3 de novembro de 2007

o cavaleiro do vento


Foto de Carlos Fernandes

Incontestado rei dos telhados, cavalga a brisa mais débil e faz espumar no freio o vendaval mais bravio. Mesmo que o declínio do tempo lhe tenha já manchado a alva veste, continua firme no seu posto até que a última ferrugem lhe desvaneça o ânimo. Da linhagem dos cavalinhos de pau, percorre milhas e milhas sem sair do lugar, trazendo e levando num raio de sol as novas da aurora e do ocaso.

corre cavalinho
ao sabor da ventania
sobre esse telhado

traz-me novas da aurora
leva contigo o meu fado