Da tradição poética oriental recolhi as influências, necessariamente contaminadas pelo contexto cultural que me rodeia. E assim se desfia este «diário poético», feito com as miudezas do dia a dia. [Esta página é redigida em total desprezo pelo actual (des)acordo ortográfico]
10 de fevereiro de 2008
Testamento
FOTO: Carlos A. Silva
(a Miguel Torga)
entre o primeiro vagido
e o último grito
o tempo é uma janela
rasgada na tela
opaca do infinito
aquém do nascimento
e além da morte
talvez a eternidade
talvez o nada
ou qualquer outra coisa
sem ponto de partida
ou de chegada
por isso
enquanto o tempo acontece
abri bem a gelosia
deixai entrar a luz do sol
que amadurece
deixai fluir a voz da poesia
5 de fevereiro de 2008
No estendal
Foto: Carlos Fernandes
Aqui estamos de novo, suspensos, à cata de um pouco de calor. Se é a água que nos asseia, é o sol que nos dá de novo luz e cor. Aqui estamos, embalados pela brisa, numa dança lenta, como se nada de melhor houvesse que estar preguiçosamente a ouvir o silêncio da tarde. Como os velhos, lá em baixo, no banco coçado da praça, a emprenhar o futuro com as memórias do passado.
roupa a secar -
passa a brisa no varal
e fá-la dançar
e o sol vem bailar também
enchendo a rua de cor
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