o calor é um aparo
que lavra
o pomo da tarde
o gado rumina
o espinho da sede
no amargor dos cardos
à sombra da urze
emudece o sangue
sobre a pele nua
se desenlaçam
as pétalas azuis do desejo
Da tradição poética oriental recolhi as influências, necessariamente contaminadas pelo contexto cultural que me rodeia. E assim se desfia este «diário poético», feito com as miudezas do dia a dia. [Esta página é redigida em total desprezo pelo actual (des)acordo ortográfico]
26 de setembro de 2004
22 de setembro de 2004
21 de setembro de 2004
19 de setembro de 2004
16 de setembro de 2004
......................parábola
........................pára a
......................... bola
........................disse o
...............senhor é preciso
...........que vos deixeis seduzir
...pela doce cintilação hipnótica da
palavra contingente para que possais
..permanecer agrestes e indiferentes
....e nada vos consinta distinção dos
....outros bichos da criação excepto
.......talvez na estúpida crueza da
..........vossa ferocidade e assim
..............vos mantenhais pelos
..............séculos dos séculos
.................sangue que sois
.......................e medula
.........................e osso
...........................diss
..............................e
..............................e
.............no ar girou como um pião
........................pára a
......................... bola
........................disse o
...............senhor é preciso
...........que vos deixeis seduzir
...pela doce cintilação hipnótica da
palavra contingente para que possais
..permanecer agrestes e indiferentes
....e nada vos consinta distinção dos
....outros bichos da criação excepto
.......talvez na estúpida crueza da
..........vossa ferocidade e assim
..............vos mantenhais pelos
..............séculos dos séculos
.................sangue que sois
.......................e medula
.........................e osso
...........................diss
..............................e
..............................e
.............no ar girou como um pião
15 de setembro de 2004
12 de setembro de 2004
11 de setembro de 2004
9 de setembro de 2004
as moscas
(contra todas as violências)
heréticas e impuras
como os metálicos insectos
cujo silvo escalda os ares
e retalha as carnes
esfregam as patas
alisam as asas
zumbem em surdina
fazem da morte seu alimento
as moscas
heréticas e impuras
como os metálicos insectos
cujo silvo escalda os ares
e retalha as carnes
esfregam as patas
alisam as asas
zumbem em surdina
fazem da morte seu alimento
as moscas
8 de setembro de 2004
oração perplexa
escuro fóssil
de carnívora qualidade
medusa errónea de sangue quente
afagando o marsupial abdómen
do tempo
cavalo em chamas
os cascos devorando o trópico
da aurora boreal
pulmão servil
esporo ancestral
ave translúcida
raiz atónita
hemisférica ossatura
imune ao sexo
ora pro nobis
de carnívora qualidade
medusa errónea de sangue quente
afagando o marsupial abdómen
do tempo
cavalo em chamas
os cascos devorando o trópico
da aurora boreal
pulmão servil
esporo ancestral
ave translúcida
raiz atónita
hemisférica ossatura
imune ao sexo
ora pro nobis
6 de setembro de 2004
erguemos a nossa casa
(à Isabel)
erguemos a nossa casa
no dorso agreste da falésia
cravadas as raízes
no duro músculo da pedra
e os olhos das janelas
atentos ao brilho do horizonte
erguemos a nossa casa
no ventre fecundo da planície
cravadas as raízes
na plástica carne da argila
e os olhos das janelas
atentos ao mover da seara
erguemos a nossa casa
nas entranhas húmidas da floresta
cravadas as raízes
entre as tenras veias das árvores
e os olhos das janelas
atentos à comoção da folhagem
erguemos a nossa casa
no peito rude da cidade
cravadas as raízes
na estéril rigidez do betão
e os olhos das janelas
atentos ao frenesim do tráfego
e nem a audácia das ondas
nem o uivo dos ventos
nem a bofetada da chuva
nem a fúria dos homens
abalaram a sua frágil argamassa
amassada com o teu e o meu suor
erguemos a nossa casa
no dorso agreste da falésia
cravadas as raízes
no duro músculo da pedra
e os olhos das janelas
atentos ao brilho do horizonte
erguemos a nossa casa
no ventre fecundo da planície
cravadas as raízes
na plástica carne da argila
e os olhos das janelas
atentos ao mover da seara
erguemos a nossa casa
nas entranhas húmidas da floresta
cravadas as raízes
entre as tenras veias das árvores
e os olhos das janelas
atentos à comoção da folhagem
erguemos a nossa casa
no peito rude da cidade
cravadas as raízes
na estéril rigidez do betão
e os olhos das janelas
atentos ao frenesim do tráfego
e nem a audácia das ondas
nem o uivo dos ventos
nem a bofetada da chuva
nem a fúria dos homens
abalaram a sua frágil argamassa
amassada com o teu e o meu suor
2 de setembro de 2004
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