Em 2004, quando foi escrito, este poema tinha as palavras «o pólen» no lugar das palavras «a cinza». Fica a homenagem aos que combateram e sofreram com os incêndios de 15 e 16 de Outubro de 2017, em particular no Pinhal de Leiria.
Num ligeiro remoinho
o vento arrasta a cinza
das flores do verde pino.
E traz consigo a memória
do velho rei trovador:
- Ai flores do verde pino.
Quem suspira mansamente
pelos pinhais do litoral?
Será o vento ou o mar?
Ou serão ainda os ecos
duma cantiga de amigo?
- Ai flores do verde pino.
Perdida na bruma densa
do tempo sem remissão
soa a mágoa do poeta:
- Ainda ouvis minha voz?
Ainda vos lembrais de mim
ó flores do verde pino?
Mas só responde o murmúrio
do vento que arrasta a cinza
das flores do verde pino.