tal como a água
as palavras nunca dormem -
uma árvore de fogo
ilumina o bojo nocturno da boca
e atraiçoa a transparência líquida
do verbo
insinuando o rigor marmóreo
do silêncio
o sono jamais
Da tradição poética oriental recolhi as influências, necessariamente contaminadas pelo contexto cultural que me rodeia. E assim se desfia este «diário poético», feito com as miudezas do dia a dia. [Esta página é redigida em total desprezo pelo actual (des)acordo ortográfico]
12 de julho de 2005
9 de julho de 2005
8 de julho de 2005
7 de julho de 2005
amanheceu o sangue

amanheceu o sangue
no coração da cidade cosmopolita
como ontem amanheceu
nos campos da Palestina
como amanhece sempre
em todos os sítios do mundo
onde a insanidade humana
faz explodir bombas
em vez de florir pão
se o cenário muda
a dor é a mesma
e a morte
igualmente estúpida
igualmente cega
3 de julho de 2005
Metáforas do corpo

FOTO: Carlos Fernandes
O palco acolhe sempre com agrado as metáforas do corpo. Desenrolam-se sobre as tábuas os factos imaginados que os gestos tornam reais: o amor e o ódio, a lealdade e a traição, o nascimento e a morte, o riso e as lágrimas. Tudo se revela naquele rectângulo escuro, como se o mundo dos homens coubesse inteiro numa caixa. Depois, aturdido ainda pelo eco das palmas, o estrado vazio aguarda em silêncio pelo quente palpitar das palavras.
revela-se o homem
numa vida imaginada
sobre o tabuado
em toda a sua grandeza
em toda a sua miséria
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