sem paleta
nem pincéis
o gesto aberto da mão
vai subjugando
o corpo virgem
da tela
ao delírio das cores
Da tradição poética oriental recolhi as influências, necessariamente contaminadas pelo contexto cultural que me rodeia. E assim se desfia este «diário poético», feito com as miudezas do dia a dia. [Esta página é redigida em total desprezo pelo actual (des)acordo ortográfico]
31 de março de 2004
30 de março de 2004
29 de março de 2004
28 de março de 2004
27 de março de 2004
26 de março de 2004
25 de março de 2004
24 de março de 2004
21 de março de 2004
«a emergência livre da palavra*»
(no Dia Mundial da Poesia)
há quem se roje no chão em desespero
há quem erga as mãos ao céu e reze
há quem pinte quadros
há quem medite
há quem árvores plante
livros semeie
eu reservo apenas
em cada dia
um sítio para as palavras
em liberdade
e me entrego nú em suas mãos
sereno
assim enfrento
na exaltação da poesia
o desenlace incerto dos amanhãs
* Da mensagem de Koichiro Matsura, director-geral da UNESCO.
há quem se roje no chão em desespero
há quem erga as mãos ao céu e reze
há quem pinte quadros
há quem medite
há quem árvores plante
livros semeie
eu reservo apenas
em cada dia
um sítio para as palavras
em liberdade
e me entrego nú em suas mãos
sereno
assim enfrento
na exaltação da poesia
o desenlace incerto dos amanhãs
* Da mensagem de Koichiro Matsura, director-geral da UNESCO.
20 de março de 2004
Primavera
Enche-se de risos o bosque
Onde as ninfas festejam
O sol primaveril.
Em louca cavalgada
Sobre o dorso dos faunos
A nudez das musas
Evoca a inocência
Dos tempos antigos.
O sopro de Zéfiro
Vibra na flauta de Pã.
Incitando a arremetida
Selvagem dos sátiros
Dionísio acende
A loucura perene
No ventre das bacantes.
A brisa fecunda
As flores da Hélade
Com a memória do mito.
Onde as ninfas festejam
O sol primaveril.
Em louca cavalgada
Sobre o dorso dos faunos
A nudez das musas
Evoca a inocência
Dos tempos antigos.
O sopro de Zéfiro
Vibra na flauta de Pã.
Incitando a arremetida
Selvagem dos sátiros
Dionísio acende
A loucura perene
No ventre das bacantes.
A brisa fecunda
As flores da Hélade
Com a memória do mito.
19 de março de 2004
18 de março de 2004
17 de março de 2004
A Nau Catrineta nunca voltou
Ao poeta Joaquim Evónio
aprendiz de marinheiro
lanço meu repto ao mar
espero a Nau Catrineta
que um dia há-de voltar
meus olhos vogam nas ondas
mas não chego a embarcar
e sobre a areia da praia
fico sentado a sonhar
só me restam as palavras
com que teço o meu cantar
aprendiz de marinheiro
lanço meu repto ao mar
espero a Nau Catrineta
que um dia há-de voltar
meus olhos vogam nas ondas
mas não chego a embarcar
e sobre a areia da praia
fico sentado a sonhar
só me restam as palavras
com que teço o meu cantar
16 de março de 2004
15 de março de 2004
14 de março de 2004
Amanhece o sol
Sobre os galhos partidos
Pela tempestade
Tornam-se douradas
As flores do tojo
Os ternos salgueiros
Encostam as cabeleiras
Em longas carícias
Balançam suavemente
Os cachos dos lilases
O eco dos pássaros
Volta a encher o bosque
De alegres trinados
Árvores flores e aves
Entoam um hino à vida
Sobre os galhos partidos
Pela tempestade
Tornam-se douradas
As flores do tojo
Os ternos salgueiros
Encostam as cabeleiras
Em longas carícias
Balançam suavemente
Os cachos dos lilases
O eco dos pássaros
Volta a encher o bosque
De alegres trinados
Árvores flores e aves
Entoam um hino à vida
13 de março de 2004
12 de março de 2004
Os mártires de Guernica acordaram em Madrid
«El sueno de la razon produce monstruos»
(título de uma gravura de Francisco Goya)
Os mártires de Guernica acordaram
em Madrid
os corpos trucidados dão notícia da guerra
mesmo em tempo de paz
os carniceiros firmam as suas causas no desespero
na morte, no horror e no medo
e prestam culto ao grande bode do baile das bruxas
imolando as mesmas vítimas de sempre:
os inocentes.
Carlos Alberto Silva
11 Março 2004
(título de uma gravura de Francisco Goya)
Os mártires de Guernica acordaram
em Madrid
os corpos trucidados dão notícia da guerra
mesmo em tempo de paz
os carniceiros firmam as suas causas no desespero
na morte, no horror e no medo
e prestam culto ao grande bode do baile das bruxas
imolando as mesmas vítimas de sempre:
os inocentes.
Carlos Alberto Silva
11 Março 2004
11 de março de 2004
o vento arrasta o pólen
Ao rei trovador D. Dinis
Num ligeiro remoinho
o vento arrasta o pólen
das flores do verde pino.
E traz consigo a memória
do velho rei trovador:
- Ai flores do verde pino.
Quem suspira mansamente
pelos pinhais do litoral?
Será o vento ou o mar?
Ou serão ainda os ecos
duma cantiga de amigo?
- Ai flores do verde pino.
Perdida na bruma densa
do tempo sem remissão
soa a mágoa do poeta:
- Ainda ouvis minha voz?
Ainda vos lembrais de mim
ó flores do verde pino?
Mas só responde o murmúrio
do vento que arrasta o pólen
das flores do verde pino.
Num ligeiro remoinho
o vento arrasta o pólen
das flores do verde pino.
E traz consigo a memória
do velho rei trovador:
- Ai flores do verde pino.
Quem suspira mansamente
pelos pinhais do litoral?
Será o vento ou o mar?
Ou serão ainda os ecos
duma cantiga de amigo?
- Ai flores do verde pino.
Perdida na bruma densa
do tempo sem remissão
soa a mágoa do poeta:
- Ainda ouvis minha voz?
Ainda vos lembrais de mim
ó flores do verde pino?
Mas só responde o murmúrio
do vento que arrasta o pólen
das flores do verde pino.
9 de março de 2004
8 de março de 2004
7 de março de 2004
6 de março de 2004
5 de março de 2004
4 de março de 2004
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