3 de agosto de 2004

o poeta abriu
a gaiola das palavras
e ficou a ver
a sua metamorfose
no contacto com o brilho
do sol matinal

umas tornaram-se
coloridas borboletas
e pousaram
na corola das flores

outras transformaram-se
em brancas pombas
formaram um bando
e desapareceram no céu

algumas houve
que se transformaram
em irrequietas libélulas
outras em velozes falcões
outras ainda
em sonolentos morcegos

tornadas insectos
aves
ou mamíferos voadores
todas partiram
batendo as asas

excepto uma
que pousou na mão do poeta
nela se aninhou
e adormeceu

o poeta acariciou-a
muito de mansinho
e iniciou com ela
um novo poema

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