23 de julho de 2004

as tuas mãos

 a Carlos Paredes

as tuas mãos
são como asas
voando
no azul luminoso
do entardecer

as tuas mãos
são como água
correndo
cristalina e fria
pelas encostas

as tuas mãos
são como brisa
dançando
entre as brancas dunas
da beira mar

as tuas mãos
são como ondas
embalando
a alma impura
deste povo marinheiro

que chora
na tua guitarra

porque partiram já
as tuas mãos
deixando
o travo amargo-doce
da saudade

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